sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O mais próximo da perfeição

A Origem
The Inception, 2010

Ontem assisti pela segunda vez o filme que para mim certamente é um dos grandes filmes dos últimos tempos; A Origem. Mas o incrível é que mesmo o vendo pela segunda vez ainda me considero extremamente despreparado para falar sobre este, então farei breves comentários sem adentrar muito em sua premissa.

Ao sair do cinema (as duas vezes) me senti extremamente eufórico, como uma criança ao ganhar um presente, mas na realidade eu ganhei, o filme é uma das experiências cinematográficas mais magníficas de todos os tempos, visualmente perfeito e com uma premissa interessantíssima. A Origem é uma viagem nível máximo do cinema.

Para começar gostaria de fazer um breve comentário sobre o gênio por traz da obra; Christopher Nolan fez sete filmes, onde assisti seis, e até hoje todos esses me proporcionaram horas incríveis. Todavia é incrível perceber que apenas em O Cavaleiro das Trevas que seu talento foi reconhecido. Quando pergunto se alguém já ouviu falar de Amnésia na maioria das vezes tenho uma resposta negativa, e sem dúvida passa a ser uma pena, pois tal obra é tão boa quanto O Cavaleiro das Trevas. E o que falar do Grande Truque?

Pior é ver que para um diretor ser reconhecido hoje em dia não basta ele ser genial, mas sim fazer um blockbuster e que, os mesmos gênios, muitas vezes não têm a liberdade necessária para produzirem filmes que lhe agradem ou até mesmo que escrevem. Vide um exemplo como o de Ridley Scott que ao fazer Blade Runner teve que se adaptar as vontades dos produtores ao colocar uma narrativa em off do protagonista para que o público não tivesse o trabalho de tentar entender a obra e ainda o fizeram fechar o filme com um final alegrinho, que posteriormente ambos foram removidos na versão do diretor. E Insônia é justamente o filme mais fraco (não que seja ruim) em que Nolan trabalhou, onde não participou do roteiro, já em todos os outros ele o fez, mostrando que quando diretores competentes obtêm maior liberdade acabam nos entregando obras-primas como A Origem.

Voltando ao filme, Dom Cobb (DiCaprio) é um ladrão capaz de penetrar nos sonhos e assim roubar valiosos segredos de sua vítimas enquanto estão dormindo. Em uma determinado dia é contratado para pegar os segredos de uma misterioso empresário Saito (Ken Watanabe), mas acaba falhando, o que faz com que seja fugitivo dos seus próprios empregadores, enquanto tem que executar um trabalho que para muitos é considerado impossível. .

Confesso-lhes que há muito tempo não espera tanto um filme. É uma obra de arte para ser vista e ouvida, que mesmo ao seu termino ficamos lembrando cada cena. Uma trilha sonora de tirar o fôlego, igualmente os efeitos visuais e de som (se esses três quesitos não forem indicados ao Oscar os velhos que votam naquela bodega estão ficando loucos, ou dormiram no filme todo), cenas de ação bem orquestradas e atuações extremamente inteligentes de todo o elenco. Mas o que mais se destaca na produção é o roteiro que em toda sua complexidade nunca caí no incompreensível. E o que dirá do sadismo de Nolan, que ama ver o sofrimento do espectador ao testemunhar as situações que coloca seus personagens (vide a cena de Cobb e Mal no hotel)? Fato esse que se repeti em toda a sua filmografia. Ainda interessante é ver que Nolan não acredita que o espectador é uma anta com merda na cabeça, então não fica jogando informações de formas imbecis na tela, como muitos outros o fazem.

Certamente uma obra-prima. Mas espero que não tenha que demorar anos para que reconheçam isso como o já citado Blade Runner


Só Para quem viu o filme:

Cobb saiu ou não do Limbo? Quem perdeu a noção da realidade, Cobb ou Mal? Há varias interpretações igualmente satisfatórias para cada pergunta, mas eu particularmente acho que Cobb, sim, saiu do Limbo, pois nos últimos minutos de projeção vemos que era simples Cobb voltar à realidade, matando Saito e se matando posteriormente, já que a química que os fazia dormir havia passado o efeito, e pelo que vi Cobb ainda tinha o censo da realidade no Limbo o que poderia a vir impedir sua volta a realidade. Então não cabe em minha mente pensar que Saito aprisionou Cobb ou coisa tal para impedi-lo de voltar a realidade e ainda pouco antes dos créditos finais ainda vemos o totem oscilando a ponto de cair. No entanto vários vestígios durante a projeção que podem revelar que tudo o que se passa desde o começo na realidade é um sonho, em determinado momento ainda me vi acreditando que era Cobb à perdido o censo da realidade, e não Mal. Todavia é apenas minha opinião, posso estar errado. Certo mesmo é que Nolan se mostra sádico até mesmo nisso... genial.